6/6/2025
Novidades na ASCO 2025 que poderão ter grande impacto na vida dos pacientes oncológicos
O ASCO maior congresso de oncologia do mundo, ocorreu em Chicago, entre os dias 30 de maio a 03 de junho deste ano, e o Instituto Projeto CURA, esteve presente, através da apresentação do trabalho “Visão dos pacientes oncológicos sobre pesquisa clínica no Brasil: preocupações, conhecimento e preconceitos - um survey nacional” em que foi demonstrado resultados sobre a entrevista que feita com cerca de 300 pacientes oncológicos, entre eles, participantes de pesquisa clínica. Esse survey, foi conduzido pela Oncologista e Presidente do Comitê Científico do Instituto Projeto Cura, Dra. Heloisa Resende, em parceria do Cura com o LACOG.
Compartilhamos aqui uma visão, sobre estudos que acreditamos que trarão grandes benefícios para nossos pacientes:
Estudo CHALLENGE
Apresentado pelo Dr Christhopher Booth, que avaliou o impacto da atividade física em pacientes que foram submetidos a quimioterapia após o tratamento cirúrgico e quimioterápico par câncer de colon, foi um dos mais aplaudidos na ASCO.
Neste estudo os pacientes foram randomizados (separados de forma aleatória em 2 grupos), em que um dos grupos recebeu um programa de atividade física bem estruturado por profissionais especializados e o outro grupo era observado.
Foi demonstrado, ao final do tempo de acompanhamento, uma expressiva taxa de redução do risco de morte para o grupo que recebeu o programa de exercício físico, sendo este ganho maior até do que alguns regimes de quimioterapia
Este estudo já foi publicado na revista NEJM, no dia 01 de junho de 2025, uma das mais prestigiadas revistas no mundo.
Fica demonstrada então, a necessidade de cada um de nós profissionais da saúde, incentivar a prática de atividade física e a missão de os pacientes pensarem e aderirem a proposta, que se comprova ano após ano, como uma estratégia valorosa no combate ao câncer.


Cuidado e qualidade de vida: estudo aponta segurança no uso de cremes vaginais com estrogênio em sobreviventes do câncer de mama
Durante a sessão dedicada aos cuidados com o sobrevivente, um importante avanço foi apresentado: investigadores demonstraram que cremes vaginais com baixas concentrações de estrogênio podem ser utilizados com segurança por pacientes que já passaram pelo tratamento do câncer de mama, inclusive aquelas com tumores hormonais, ou seja, com receptores hormonais positivos.
Essa estratégia representa uma nova possibilidade de cuidado que pode fazer diferença significativa na qualidade de vida dessas mulheres, amenizando efeitos adversos comuns relacionados ao tratamento oncológico que afetam o bem-estar e a saúde íntima das pacientes.

Avanços no tratamento do Câncer de Mama Metastático
O tratamento do câncer de mama metastático vem passando por importantes transformações, com resultados promissores que impactam diretamente a qualidade de vida e a sobrevida das pacientes. Duas grandes novidades redefiniram o padrão terapêutico para diferentes subtipos da doença:
Novidade para pacientes com receptores hormonais positivos e HER2 negativo
Para pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo e HER2 negativo, o novo padrão passa a ser uma combinação com três medicamentos: inibidor de ciclina, inavolisibe e fulvestranto.
Essa mudança tem como base os resultados do estudo INAVO120, que demonstrou aumento significativo da sobrevida entre os pacientes que receberam essa terapia combinada.
Nova abordagem para pacientes com HER2 positivo
Outra mudança importante, que já vinha sendo aguardada, se refere ao câncer de mama metastático HER2 positivo. O estudo Destiny-Breast09 (DB-09) revelou que a combinação de trastuzumab deruxtecan (TDXd) com pertuzumab é mais eficaz no controle da doença do que o esquema anterior, que incluía trastuzumab, pertuzumab e quimioterapia.
Além de maior eficácia, essa nova combinação tem o grande benefício de postergar a quimioterapia, para este grupo de pacientes.


Iniciativa do GBECAM foca no cuidado com sobreviventes do câncer
E não poderíamos deixar de mencionar, uma iniciativa muito importante do grupo Oncoclínicas, liderada pelas Dras Luciana Landeiro, presidente do GBECAM e uma das ganhadoras de edições anteriores, do prêmio Renata Thormann Procianoy, e a Dra Thaiana Santana, do Comitê de Apoio a Pacientes do GBECAM.
As pesquisadoras apresentaram um estudo que implementa estratégias de cuidados individualizados para pacientes sobreviventes do câncer, especialmente na fase pós-quimioterapia. O foco está no suporte físico e emocional, com manejo das possíveis sequelas deixadas pelo tratamento.
Esta iniciativa tão bem-sucedida, precisa ser replicada, em outros locais do país. Para isso, será fundamental a construção de estratégias colaborativas entre médicos investigadores de diferentes partes do Brasil. Através da cooperação entre grupos de pesquisa, é possível transformar conhecimento em ação e, mais importante, levar esse cuidado a um número cada vez maior de pacientes, proposta do maior congresso de oncologia do mundo em 2025.

O Instituto Projeto CURA, tem apoiado investigadores, auxiliando na captação e recursos, promovendo campanhas de conscientização de pacientes, para tornar cada vez mais possível esta missão de transformar conhecimento em ação.
Texto e colaboração: Dra Heloisa Resende – Oncologista, Pesquisadora e Presidente do Comitê Científico do Instituto Projeto Cura